Descubra a história épica que moldou o mundo de Ikigai ao longo de quatrocentos anos de batalha entre luz e trevas.
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01
𝐎 𝐈𝐦𝐩é𝐫𝐢𝐨 𝐊𝐚𝐭𝐬𝐮𝐡𝐢𝐤𝐨
〇 |川ア巳́「|〇 にの十らいん|に〇
Há quatrocentos anos, Ikigai se dividia em três cidades que formavam o misterioso Império Katsuhiko. Protegido por monges que sustentavam a barreira espiritual, o império ocultava do povo a existência do mundo espiritual e o verdadeiro perigo que se aproximava silenciosamente.
Quando o Império de Yamashiro surgiu, um rei enigmático e benevolente trouxe de volta a grandeza das cidades, enchendo-as de riquezas e prosperidade. Mas toda glória tem seu preço: o primogênito do imperador foi sacrificado, e com esse ato nasceu também uma tirania marcada por poderes sombrios, enquanto a barreira espiritual começava a ruir.
Os monges lutavam para conduzir seus irmãos pelo caminho sagrado, mas muitos foram corrompidos pela antiga escuridão, selada há muito tempo, que agora retornava.
No auge desse desequilíbrio, a líder dos monges sacrificou sua própria vida para prolongar a barreira, protegendo duas almas destinadas a serem yin e yang, equilibrando o mundo. Antes de partir, Tatsuia deixou aos discípulos um legado eterno: proteger as pedras sagradas e buscar auxílio junto à Daimyo Yumi, aos samurais e aos shinobis.
02
𝐀 𝐁𝐚𝐭𝐚𝐥𝐡𝐚 𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥
月 乃の十のしんの 千|冂のし
Muitas luas de treinamento se passaram. Samurais, shinobis e o monge Yuê treinaram com dedicação, contando até com o auxílio do Dragão Azul, que se tornou a arma definitiva para a batalha que se aproximava.
Finalmente, a noite chegou. Onis e almas malignas emergiram, ameaçando tomar o império e as terras sagradas. O mal estava quase no limite, e Mayumi enfraquecia, mas ainda assim, todos sabiam que o confronto final não seria fácil.
Yuê, em sua última jogada contra a escuridão, invocou a força do Dragão Azul para derrotá-la. O ritual exigia sacrifícios: Yumi, para que seu povo pudesse viver em paz, precisaria se tornar a pedra sagrada, junto de seus samurais.
Cada um se posicionou sobre uma pedra sagrada, enquanto Oroshi e Kenjiro lutavam lado a lado contra Mayumi, agora visivelmente enfraquecida. Cada golpe, cada defesa, cada movimento era preciso, como se o destino de Ikigai dependesse de suas mãos. A mulher que carregava a escuridão resistia, mas não por muito tempo.
Oroshi, como guardião de Yumi, sabia que o momento decisivo se aproximava. Kenjiro permaneceu firme ao seu lado, e juntos, quando o tempo finalmente se abriu, desferiram o golpe final que derrubaria Mayumi, permitindo que Yuê concluísse o ritual de selamento.
Palavras finais ecoaram pelo campo de batalha. Uma luz intensa, a força dos quatro dragões, iluminou os céus como o capítulo derradeiro da história, selando não apenas o destino de Mayumi, mas também a queda da Mil Faces, do Oni da Preguiça e da Gula.
A voz ecoava em um coro distorcido, atravessando o mundo espiritual e a terra mortal. Os quatro irmãos dragões se uniram, abrindo passagem para a energia que selaria a escuridão. Trezentas correntes envolveram o corpo de Mayumi, fazendo-a sentir cada dor infligida às almas que ela havia destruído.
Oroshi e Kenjiro permaneceram lado a lado, lutando com ferocidade contra a mulher que encarnava a escuridão. Cada golpe era calculado, cada movimento carregado de determinação; juntos, eles desferiram o golpe final que derrubaria Mayumi, enquanto Yuê completava o ritual de selamento.
Um a um, os corpos de Yumi, Yuê, Toshiro, Himura, Musashi, Ryuunosuke, Toushiro, Kanzaki, Kaiorise, Mizu, Shin e Tsuki se transformaram em pedras sagradas, revelando o caminho dos escolhidos e consolidando o legado daqueles que lutaram até o fim.
Ikigai brilhou em pura luz. Mayumi desapareceu, e a batalha chegou ao fim, deixando para trás o sacrifício, a coragem e a força de cada guerreiro.
Com o tempo, o povo que havia se refugiado em um santuário distante retornou, trazendo consigo a filha de Yumi. Lentamente, reconstruíram suas vidas, ergueram seu próprio reinado e espalharam prosperidade pelo império.
Humanos e yokais aprenderam a coexistir, formando novas famílias e reerguendo Ikigai. Festivais celebravam a vitória e mantinham viva a memória de todos que lutaram.
Histórias e legados permaneceram, passados de geração em geração. Papiros antigos guardam até hoje a lembrança da batalha final, assegurando que os filhos dos filhos continuem honrando aqueles que entregaram tudo para que a paz prevalecesse.
03
ERAS ATUAIS
Agora, quatrocentos anos após o conflito que conteve o mal, os humanos se aliaram aos meios yokais nas terras de Ikigai. Aos poucos, aprenderam a compreender a vivência de cada ser que surgia na região. No início, muitos sofreram preconceitos, até que mostrassem que estavam ali para viver como todos os outros: plantar, formar famílias e buscar segurança, algo que se fortalecia com o passar do tempo. Essa convivência se expressava não apenas em palavras, mas também em gestos. Com o tempo, humanos e yokais começaram a formar vilas mistas e famílias conjuntas, e seus filhos nasciam com heranças de ambos.
Mas a paz nunca durava por muito tempo. Muitos humanos deixaram de acreditar nas palavras e na fé dos antigos monges, e a barreira espiritual começou a enfraquecer novamente. Isso permitiu que a podridão retornasse aos solos de Ikigai e que pessoas começassem a desaparecer.
Diante disso, um grande evento foi realizado. Aqueles que ainda desejavam lutar por sua paz e preservar a herança e a fé dos monges iniciaram uma missão: caminhar por cem dias, enfrentando treinamentos árduos até alcançar o antigo templo dos monges, um lugar destruído, mas ainda envolto em lendas sobre os shinobis das sombras, guardiões dos pergaminhos que continham as técnicas secretas da Respiração e outros conhecimentos capazes de enfrentar qualquer mal que ressurgisse.
Ao chegarem às ruínas, não imaginavam encontrar alguém. Nos antigos registros, dizia-se que os shinobis haviam desaparecido há séculos, levados pela queda da barreira espiritual. Contudo, entre os destroços e o silêncio do templo, encontraram um homem solitário, que dedicava sua vida a proteger aquele lugar sagrado.
Reservado e sereno, ele observou o grupo por algum tempo antes de se aproximar. Em silêncio, entregou a Musashi os antigos pergaminhos dos monges, dizendo que neles estava o último vestígio da sabedoria espiritual. Desde aquele momento, o guardião passou a acompanhar Musashi e os outros em seus dias de treinamento, não como mestre, mas como aprendiz.
Musashi, por sua vez, reconheceu naquele homem uma força inabalável e o incluiu em seus ensinamentos. Assim, aquele que antes protegera os legados dos monges tornou-se parte da reconstrução de uma nova era, aprendendo com Musashi o verdadeiro significado da Respiração e do equilíbrio entre corpo e espírito. Mas ele nao seguiu com o grupo, apenas se manteve escondido entre as antigas ruinas observando todos
Muitos desistiram e retornaram às suas famílias, mas seis permaneceram, determinados a se manter entre as muralhas quebradas do antigo templo. O primeiro deles, Musashi Miyamoto, iniciou os estudos e treinamentos dos pergaminhos, percebendo rapidamente as sutis diferenças em cada escrita. Para ele, os monges sempre foram minuciosos:
"Faça o seu poder e suas técnicas do jeito que seu corpo se guia com o fluxo. Você trilha e aperfeiçoa aquilo que um dia foi apenas uma base."
Durante esse período, foi feita uma concordância: eles seriam os Caçadores de Onis, encarregados de proteger aqueles que realmente precisassem de ajuda contra o mal que pudesse surgir. Musashi havia aperfeiçoado apenas uma Respiração, mas seu maior papel foi ensinar aos outros cinco membros os treinamentos necessários para que cada um pudesse desenvolver sua própria Respiração. Foram cinquenta dias de sol, chuva, tempestades e batalhas espirituais. Não era apenas um treinamento, era uma reconstrução e uma evolução.
Com isso, os cinco membros tornaram-se os primeiros Hashiras, os Pilares das Respirações: Ar, Fogo, Trovão, Pedra e Água. Futuramente, eles deveriam ensinar os novos caçadores sobre cada etapa do treinamento e cada provação a ser superada, pois, em um antigo pergaminho escondido entre as técnicas, havia uma profecia: o mal retornaria no corpo daquele que um dia fora luz e traria novamente seu reinado sobre Ikigai.
Dois anos se passaram. Grupos de caçadores voltaram a perseguir os Onis que surgiam à noite, destruindo famílias e vilas. Alguns templos foram reconstruídos, reacendendo antigas crenças, embora poucas pessoas ainda as seguissem. Todas as noites, famílias e clãs deixavam incensos nas entradas de suas casas, temendo ataques. Enquanto isso, os caçadores formavam grupos de vigilância para proteger o povo.
As terras já não possuíam rei nem daimyo, apenas famílias poderosas capazes de influenciar os mercados. As pessoas lutavam não apenas contra os Onis, mas também contra crises econômicas, doenças e desaparecimentos.
Os Hashiras, os mais altos entre os caçadores, e o Mestre dos Caçadores sabiam exatamente do que se tratava: Mayumi havia sobrevivido, mas fora amaldiçoada e agora criava seu próprio exército. Por isso, as noites se tornaram mais longas e os dias mais curtos. Seres das trevas, yokais fracos e fortes, surgiam como os olhos de Mayumi, observando o mundo. Enquanto isso, Musashi e os Hashiras continuavam recrutando novos aprendizes para dominar as técnicas das Respirações, buscando pistas para se aproximar do inimigo que estava prestes a ressurgir.
O povo de Ikigai seguia sua vida normalmente, sabendo apenas o básico sobre os acontecimentos, pois os caçadores e o mestre temiam revelar toda a verdade, receando o pavor que isso poderia causar. Já bastavam as dificuldades com plantações, crises, fome e doenças. Mesmo assim, o povo mantinha-se em alerta, seguindo suas vidas alguns seguiam ainda a crenças, mas outros apenas ignoraram.